A volta de ‘Elza’, em segunda edição

O romance histórico “Elza, a garota”, que Sérgio Rodrigues lançou em 2009 pela editora Nova Fronteira, ganhou vida nova – e uma linda capa de Rafael Nobre – com a segunda edição que a Companhia das Letras pôs nas livrarias em 2018. “Elza” saiu também em Portugal pela Quetzal, em 2010, e nos Estados Unidos em setembro de 2014 pela Amazon Crossing, com tradução de Zoë Perry e o título Elza: the girl.

Romance que promove uma original mistura de ficção e não ficção, pesquisa histórica e invenção literária, o livro tem em seu núcleo a trágica história real de Elvira Calônio, codinome Elza Fernandes. Também conhecida como Garota, Elza era uma jovem de supostos 16 anos que, por ser namorada do secretário-geral do Partido Comunista, envolveu-se além da sua compreensão na malograda “Intentona” – tentativa de derrubar o presidente Getúlio Vargas e tomar o poder no Brasil, orquestrada em 1935 pela Terceira Internacional.

Sob a liderança de Luiz Carlos Prestes (o “Cavaleiro da Esperança”, o maior mito da história da esquerda no Brasil), recém-chegado de Moscou, aquela revolução bisonhamente fracassada forma, ao lado da ascensão do nazifascismo na Europa, o turbulento pano de fundo para a vida patética de Elza, que a história brasileira apagou. Moça atraente, mas analfabeta, ela se viu injustamente acusada de traição e foi assassinada pelos companheiros de Partido, que enterraram seu corpo num quintal suburbano do Rio de Janeiro.

Esquecida desde então por esquerda e direita, Elza Fernandes é enfim resgatada por um surpreendente ato de amor – e de literatura – quando Molina, jornalista decadente que aspira a ser escritor, recebe de um velho e misterioso militante comunista que se identifica como Xerxes a missão de transformar suas memórias em livro.

“O estilo da prosa de Sérgio Rodrigues, como o de Le Carré, assume a forma de um romance de espionagem mas não traz sequências de ação nem gela a espinha do leitor. Aproxima-se mais, em apenas duzentas páginas, de uma versão ricamente narrada daquelas histórias cômicas intrincadas e sem clímax ou com punchline arrevesado – só que neste caso sem punchline algum, o que em si mesmo é o punchline. Como outro romancista histórico, Gore Vidal, Rodrigues se refugia na ironia, e como Vidal prefere revelar o fim já no começo, encontrando suas verdadeiras surpresas não no enredo, mas na jornada íntima dos personagens em direção àquele fim.” Greg Widen, Drippler.com

“Um romance com muita imaginação, que mistura lances de reportagem investigativa, de thriller policial, aventura, suspense e espionagem. Nada disso, no entanto, teria valor se o autor não empregasse uma técnica narrativa irresistível e se não escrevesse tão bem. Um livro indispensável.” Zuenir Ventura

“O drama de Elza (…) é exemplarmente reconstituído, e confere ao livro um certo motivo trágico: o estúpido sacrifício da inocência em prol do que se supõe ser uma causa maior.” Veja

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