“Em suas intrigantes e admiráveis ficções de risco, Sérgio Rodrigues é um dos novos autores que dão a partida para uma literatura brasileira do século 21.” Sérgio Sant’Anna
“Preso à poltrona, o leitor de Sérgio Rodrigues tem mais é que se deixar viajar, com a mente e os olhos bem acesos, pela vertigem abissal.” Italo Moriconi, ‘O Globo’
Em seu livro de estreia, “O homem que matou o escritor” (Objetiva, 2000, 125 páginas), que ganhou uma segunda edição pela Companhia de Bolso em 2022, o autor apresenta cinco contos de fôlego – ou quatro contos e uma pequena novela, a depender do rigor classificatório – que têm em comum o fato de, com engenho, levarem a lógica da narrativa policial a se dobrar sobre si mesma. As perguntas que perpassam essas histórias podem ser traduzidas como: Quem escreve? Por que escreve? Que crime funda a necessidade de criar álibis feitos de palavras? Se é evidente que não pode haver salvação na literatura, haverá salvação fora dela?
Em O argumento de Caim, o festejado cronista do “Jornal do Brasil” dos anos 1970, convalescente em sua cama, conversa ao telefone com Nelson Rodrigues e Otto Lara Resende enquanto vive uma estranha relação com sua empregada semi-analfabeta. Na novelinha O retiro dos macacos artistas, dois brasileiros que trocaram o Rio por Miami na diáspora dos anos Collor enfrentam uma trama mafiosa como se fossem personagens de Elmore Leonard. No conto que dá título ao livro, um escritor fracassado acerta contas de forma surpreendente com um ex-amigo transformado em escritor de enorme sucesso.
Com seu espírito metalinguístico levado a extremos lógicos, embora sem abrir mão da legibilidade e do prazer, o livro mais abertamente “pós-moderno” de SR revela uma maturidade incomum em obras de estreia, que levou o crítico Carlos Graieb, da revista “Veja”, a dizer que o autor “completou seu aprendizado antes de entrar em campo. Já não deve mais nada a ninguém”.