Esta seção traz uma seleção de resenhas e comentários críticos publicados na imprensa sobre os livros de ficção de SR, com trechos destacados e links para as versões integrais. Textos que já não se encontram disponíveis online foram desconsiderados. A seleção será atualizada periodicamente.
Sobre ‘O drible’ – para resenhas em espanhol, catalão e asturiano sobre ‘El regate’, clique aqui
“Terminei de ler o livro que gostaria de ter escrito, ‘O drible’, um romance, uma ficção, do escritor Sérgio Rodrigues, que, brevemente, será lançado pela Companhia das Letras. O maior protagonista do livro é o futebol. Nas primeiras páginas, Sérgio descreve, de uma maneira espetacular, o famoso drible de Pelé no goleiro Mazurkiewicz, do Uruguai, na semifinal da Copa de 1970. Faço uma ponta no livro, pois dei o passe para Pelé fazer o quase gol mais bonito da história. Tentei escrever um romance, com o futebol de pano de fundo. As dezenas de folhas de papel, escritas à mão, acabaram na cesta de lixo. Seria mais um livro para ser esquecido nas estantes. Discordo que exista pouca literatura sobre futebol no Brasil. Falta um número maior de excelentes livros, como ‘O drible’, talvez o único grande romance brasileiro sobre o assunto.” Tostão na ‘Folha de S.Paulo’ (íntegra).
“…é possível criar excelente ficção jogando com os valores, a graça, as manias, as tradições, as lógicas, os absurdos, a imaginação, a arte e as memórias que o futebol planta em cada um de nós. Outros escritores já tinham me convencido disso, mas todo este longo nariz-de-cera acima é para chegarmos a ‘O drible’, romance de Sérgio Rodrigues que me atrevo a rotular como o melhor já escrito sobre futebol em qualquer idioma.” João Máximo no blog do Instituto Moreira Salles (íntegra).
“Para além de sua extraordinária construção, feita de camadas de real (Pelé e cia.), de imaginário (Peralvo, o sobrenatural de almeida, o craque que nunca existiu, mas seria maior que Pelé não fosse uma tragédia) e de história do Brasil (com ênfase no tempo do regime militar e nos anos 80), além do truque à Hitchcock de entregar antes ao leitor o que alguns personagens só saberão mais tarde, é leitura comovente para quem, no país do futebol, imaginou que ele fosse desimportante. (…) Para quem gosta de futebol bem escrito, ‘O drible’ é adesivo. Para quem não liga para 22 homens atrás de uma bola, vale pela trama cheia de vaivéns e espanto…” Fábio Altman na revista ‘Veja’ (íntegra).
“Não se trata de naturalismo, nem Sérgio Rodrigues é um narrador ingênuo. Seu modo hábil de manipular os fios cronológicos (…), encaminhando o leitor para um desenlace trágico com tintas de melodrama, é claro sinal disso. (…) Tampouco seu estilo é árido e seco, à maneira dos neorrealistas: flerta com uma prosa que tende à multiplicação de imagens surpreendentes, ao modo de Vladimir Nabokov (…). Notável como ‘O Drible’ puxa do futebol brasileiro um feixe de motivos tupiniquins que não são evidentemente a ele associados, mas que nele deixam suas marcas, discretas, sob as verdades prontas e o desfile de mitos com os quais costumamos recobri-lo: o mundo do personalismo e dos favorecimentos, os afetos violentos sobrepostos à razão, o autoritarismo patriarcal, o apreço supersticioso pela magia simpática.” Fabio de Souza Andrade na revista ‘piauí’ (íntegra).
“Este livro me salvou maravilhosamente do tédio dos aeroportos e das viagens compridas. A narrativa começa com um videoteipe do célebre gol que Pelé não fez contra o Uruguai na Copa de 70 (que vai se provar um detalhe crucial da trama), e avança contando a história de um velho cronista esportivo da imprensa carioca, com pouco tempo de vida, vítima de um câncer, e de seu filho, o narrador do livro – e antagonista feroz do próprio pai. Entre eles, a figura fascinante de um certo Peralvo, aquele que seria um novo Pelé, não fosse uma tragédia que vai se anunciando. (…) Acompanhamos numa sutil troca de passes os últimos 60 anos da história brasileira pelo prisma do futebol, enquanto um suspense de fundo policial vai se armando com arte e engenho. Nenhuma dúvida: eis um escanteio bem batido.” Cristovão Tezza na ‘Gazeta do Povo’ (íntegra).
“Sérgio se vale de um péssimo pai, cronista de futebol aposentado, que, desenganado, decide reatar relações com o filho, para compor uma tragédia burguesa que atravessa os últimos 70 anos da nossa história. (…) ‘O drible’ é primo-irmão do ‘Fim’. Melhor, é claro, mais sórdido, mais macho, mas primo. O Rio de Janeiro é o seu palco. O hedonismo libertário, vazio, a decadência da corte, o desprezo por qualquer grande ato e a natureza imperiosa. A diferença é que Sérgio é das Gerais, seus personagens sobem a BR-040, a mesma que dá em Minas, para se esconderem na umidade do Rocio; possuem a doença do interior, são abatidos pelo oculto, pela insanidade, arquitetam crimes.” Fernanda Torres na ‘Folha de S.Paulo’ (íntegra).
“As páginas correm e o livro não decepciona. O autor consegue manter o ritmo e alimentar a narrativa desse que é, sem dúvida, um dos melhores lançamentos de ficção nacional de 2013.” Gonçalo Junior no ‘Valor Econômico’ (íntegra).
“…na literatura brasileira, o futebol foi abordado com ênfase nos aspectos sociais em detrimento do engenho dentro do gramado – engenho que Rodrigues consegue recriar com maestria saudada não apenas pela crítica literária, mas também pela crônica esportiva. A começar por Tostão, em coluna publicada nesta ‘Folha’, na qual sintetizou: ‘Terminei de ler o livro que gostaria de ter escrito’. Vindo de um craque dos gramados e do texto como Tostão, o elogio vale uma ‘bola de ouro’ para o autor de ‘O drible’.” Manuel da Costa Pinto no ‘Guia da Folha’ (íntegra).
“O desgastado clichê de que o futebol espelha a vida se aplica de modo convincente no romance de Sérgio Rodrigues e o título da obra pode ser interpretado como uma metáfora além das quatro linhas: é o drible que move as relações familiares entre as personagens e também as armadilhas narrativas às quais são levados os leitores. Golaço.” Ramiro Zwetsch no ‘Guia da Folha’ (íntegra).
“O ficcionista é hábil na construção cuidadosa da relação de rancor e desprezo entre pai e filho. É mais hábil ainda na reconstrução de dois momentos antagônicos: a era de ouro de nosso futebol, paixão de Murilo Filho, e a de nossa cultura pop, paixão de Neto. As páginas que narram o embate demoníaco entre Peralvo e Pelé estão entre as melhores do romance.” Luiz Bras na ‘Ilustrada’ (íntegra).
“E eu, com tristeza, estou terminando de ler o romance ‘O Drible’, de Sérgio Rodrigues, lançado pela Companhia das Letras. Tristeza e lentidão, apesar da ansiedade em chegar ao desfecho, porque o livro tem apenas 218 páginas e é daqueles que deveriam ter 800. Você sabe por que, por exemplo, Pelé não fez o gol depois do célebre drible no goleiro uruguaio Mazurkiewicz? Porque, segundo o livro, ‘Pelé desafiou Deus e perdeu. Imagine se não perdesse. Se não perdesse, nunca mais a humanidade dormia tranquila’. ‘O Drible’ de Rodrigues também é único, digno do gol que Pelé não fez na Copa de 1970.” Juca Kfouri na ‘Folha de S.Paulo’ (íntegra).
“‘O drible’ é cheio de achados, e o maior deles é a teoria de Murilo Filho de que o futebol brasileiro deve muito de sua evolução ao abismo existente entre a realidade do que acontecia em campo e as narrações de futebol pelo rádio. A tese é um primor e se apoia no ‘esforço sobre-humano que os jogadores tiveram que fazer para ficar à altura das mentiras que os radialistas contavam’. Genial. É bastante possível que a literatura brasileira ainda abrigue menos futebol do que seria razoável, pela paixão que o jogo provoca em nós. Mas não dá mais para dizer que estamos no zero a zero. ‘O segundo tempo’ de Michel Laub, ‘O paraíso é bem bacana’ de André Sant’Anna e, agora, ‘O drible’ de Sérgio Rodrigues são belos exemplos de que futebol e literatura não merecem mais ser tratados como água e azeite.” Jorge Murtinho no site da revista ‘piauí’ (íntegra).
“Em ‘O Drible’, Sérgio Rodrigues consegue a proeza de tratar de um tema raro na literatura brasileira (o futebol) por meio de um drama familiar que espelha ainda aspectos tenebrosos da ditadura militar. Escritor habilidoso, Rodrigues já oferece um belo exemplo no primeiro capítulo, no qual o pai acompanha, ao lado do filho, um lance icônico: o gol não marcado por Pelé contra o Uruguai na Copa de 1970, depois de um sensacional drible de corpo no goleiro Mazurkiewicz.” Ubiratan Brasil no ‘Estadão’ (íntegra).
“Sérgio Rodrigues tem um domínio exemplar da linguagem. O discurso aproxima o coloquial do literário com uma competência rara nos dias de hoje, mantendo a naturalidade enquanto convida o leitor a refletir diante das muitas sutilezas estilísticas que irá encontrar pelo caminho. ‘O drible’ pode ser desfrutado como um memorável jogo de futebol, daqueles com lances espetaculares, muitos de tirar o fôlego, a tensão mantida o tempo todo, a arbitragem correta, o resultado imprevisível. Uma exibição do brasileiríssimo futebol-arte que entrega ao torcedor tudo o que promete, e um pouco mais. Um jogaço! Opa: um livraço!” Luiz Paulo Faccioli no jornal ‘Rascunho’ (íntegra).
“Ler ‘O Drible’ é mergulhar nos últimos sessenta anos da história do Brasil e da crônica esportiva. É adentrar um mundo em que a cultura do futebol é central tanto para o desenvolvimento da trama quanto para as discussões que o livro provoca. (…) No segundo plano, entretanto, é a história da sociedade brasileira que emerge e está em jogo. As presenças estruturais de um personagem branco bem-sucedido, de outros negros e mulatos na margem, além de uma coadjuvante indígena, fechando o triângulo, sugerem isso. O ‘homem cordial’, o mito da ‘democracia racial’, o ‘favor’, a ‘fábula das três raças’, todos os conceitos-chave da nossa interpretação histórica residem no subtexto, estabelecendo um jogo de vozes que confere consistência e multiplicidade de sentidos à obra.” Felipe Carrilho no ‘Diário do Comércio’ (íntegra).
“Rodrigues é brilhante na condução do jogo quando estão no gramado Murilo Filho e Peralvo, amigos que vão assumir papéis opostos na ditadura. O autor concebe teorias fascinantes para seu cronista, colega de figuras reais como os irmãos Nelson Rodrigues e Mario Filho. E descreve como ninguém cenas futebolísticas.” Daniel Benevides na revista ‘Brasileiros’ (íntegra).
“A narrativa oscila hábil e saborosamente como um pêndulo entre o presente e o passado, a história atual do pai e filho e a biografia de Peralvo. Some-se ao caldo da memória uma poderosa reconstrução de época – da deliciosa bossa nova à tenebrosa ditadura –, e pitadas generosas de cultura pop – dos desenhos dos estúdios Hanna-Barbera aos seriados National Kid, Perdidos no Espaço e Vigilante Rodoviário. O Brasil, pródigo em produzir excelentes jogadores de futebol, tem uma carência diametralmente oposta na produção de literatura sobre o esporte. (…) Em ‘O Drible’, o autor usa o futebol concomitantemente como pano de fundo e personagem da história principal, a emocionante disputa de uma vida entre pai e filho. O resultado, mesmo para quem não entenda ou não goste do jogo, surpreende. Golaço de Sérgio Rodrigues.” Diego Braga Norte em Veja.com (íntegra).
“Murilo Filho, o cronista esportivo, vai se recordar de sua trajetória ao longo do livro. Torcedor do América, chega ao Rio em 1960 e vai trabalhar no ‘Jornal dos Sports’, comandado pelo lendário Mário Filho, irmão de Nelson Rodrigues, que também escrevia no jornal. Peralvo é da mesma cidade de Murilo, Merequendu, e chega à cidade dois anos depois para jogar justamente no América. O garoto é craque e, com a ajuda das empolgadas reportagens de Murilo, logo é comparado a Pelé. A história de por que não jogou a Copa é um dos mistérios do romance, que Rodrigues vai desenvolver com enorme maestria.” Mauricio Stycer no UOL (íntegra).
“Paixão pelo futebol, saudosismo dos anos 1970 e uma relação familiar mal resolvida. Um dos melhores escritores da atual geração, o mineiro Sérgio Rodrigues combinou com maestria os elementos necessários para produzir um romance genuinamente brasileiro em ‘O Drible’.” Vivian Masutti no jornal ‘Agora São Paulo’ (íntegra).
“Sérgio escolhe o futebol para tentar não explicar, porque aí cairíamos na desgraça da totalização, mas ‘pensar’ o Brasil, mais especificamente no século XX, na segunda metade deste século tão estranho. Pensar o Brasil – adentrando alguns dos seus meandros, das suas principais qualidades e mais difíceis defeitos. Que país construímos, como nós nos identificamos, o que vemos, quando olhamos para o espelho. (…) Ao fim, ficamos com a certeza de que Sérgio conseguiu trazer o futebol para explicar a vida, já que o inverso, como Murilo Filho explica, não é possível. ‘Há entre os dois uma assimetria, um descompasso no qual não me surpreenderia que coubesse toda a tragédia da existência.’ Não poderia ser mais preciso.” Ronaldo Pelli no blog Conto no Canto (íntegra).
“A leitura começa compulsiva e vai nesse tom até o final. É, sim, um livro sobre futebol, um esporte que não encontra na ficção brasileira espaço como personagem. Mas a força do livro está incrustada na relação familiar, nos segredos embutidos na vida do pai – tão chocantes quanto o gol que Pelé perdeu no jogo contra o Uruguai. Além de tudo, ‘O drible’ é muito bem escrito e conduzido. É um dos grandes livros do ano.” Ricardo Ballarine no blog Capítulo Dois (íntegra).
“Celebrado como a principal novidade literária na ficção em 2013, o livro ‘O Drible’ do escritor e jornalista Sérgio Rodrigues cumpre com folga suas propostas. Tem uma história empolgante, prende o leitor até a última página e aborda o futebol de modo honesto, com suas virtudes, vícios, com seus heróis e vilões.” Elias Aredes Junior no blog Bola com Gravata (íntegra).
“Lógico que existem os livros de não-ficção sobre futebol, mas nunca entendi como é possível não ter nenhum bom romance que usasse o esporte como pano de fundo. ‘O Drible’ de Sérgio Rodrigues vem pra preencher esse vazio de uma forma simplesmente espetacular. Seria muito simples dizer que ‘O Drible’ é um livro de futebol. Seria muito enganoso também. Ao mesmo tempo que o futebol é o principal tema, ele fala sobre uma tortuosa relação entre pai e filho, a crônica esportiva nos seus tempos áureos, anos 60/70, e também resgata aquela característica meio sobrenatural que já rondou o nosso futebol.” Rafael Kalebe no blog O Espanador (íntegra).
“A descrição do drible de corpo de Pelé no goleiro uruguaio Marzukiewicz que abre ‘O drible’, de Sérgio Rodrigues, tem tudo para ser citada exaustivamente sempre que literatura & futebol for tema de debates, oficinas, artigos, mesas redondas e coisas e tais. Rodrigues acertou a mão e construiu uma abertura inesquecível para seu romance. Se Pelé foi responsável pelo lance mais imprevisível do futebol, jamais um gol perdido foi descrito com tamanha beleza. (…) A história dos desencontros dos Murilos, Filho e Neto, é narrada por uma terceira pessoa tão discreta, discretíssima aliás, que suavemente se revela tão falsa quanto a intenção de Pelé ao correr para receber a bola de Tostão diante da grande área uruguaia. Uma finta de corpo que deixa o leitor sem pernas, embasbacado, porém satisfeito de chegar ao final de um livro que marca com honra um gol de letra ao unir futebol e literatura, duas pontas da vida que andavam soltas.” Inácio França no blog Caótico (íntegra).
“Tostão queria ter escrito ‘O drible’. Eu queria ter escrito ‘O drible’. Você queria ter escrito ‘O drible’ — só não sabe ainda.(…) Sobre a comentada futebolística brasilidade do livro, fica o alerta: o autor vai puxar para um lado e sair pelo outro, e, mesmo avisado, o leitor vai cair. Escreveu-se por aí que o drible aplicado pelo livro é da vaca, mas este blog contesta e garante: é um elástico.” Rodolfo Borges no blog Literatura de Verdade (íntegra).
“O romance é exemplar na sua arquitetura: a escolha do narrador (ou narradores) contribui sobremaneira para isso. Na overture, que mais de um crítico já classificou como antológica, temos um narrador muito aproximado, colado, dialogando com o personagem Neto, que só nos será apresentado no último parágrafo da tal abertura (p. 14). Esse efeito nos joga de cara no turbilhão da narrativa e do cenário, pois até aquele momento é conosco que o romance fala. No próximo capítulo (If you had a friend like Ben), o narrador toma a distância sadia e sádica dos clássicos narradores em terceira pessoa, embora, em certos juízos e metáforas, esse narrador se revele mais intrometido do que o aconselhável. Por fim, há um terceiro narrador, Murilo Filho, o velho, que está escrevendo sobre o grande jogador Peralvo (Por que Peralvo não jogou a copa). Esse jogo de foco e de discursos não é gratuito ou pirotécnico, antes se mostrará essencial à trama, como se saberá mais tarde.” Mário Rodrigues no blog Na Estante de Mário (íntegra).
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Sobre ‘Elza, a garota’
“Graças ao ritmo de thriller, ‘Elza’ é difícil de largar. Seu maior mérito, no entanto, é adentrar o território da ficção com base em eventos históricos, algo pouco usual na literatura brasileira contemporânea — com raras exceções, caso de ‘Nove noites’, de Bernardo Carvalho. E, como provam os melhores autores estrangeiros, de Philip Roth a W. G. Sebald, mergulhar em traumas coletivos ainda é a maneira mais eficiente de exorcizá-los.” Jonas Lopes na revista ‘Bravo!’(íntegra).
“O drama de Elza (…) é exemplarmente reconstituído, e confere ao livro um certo motivo trágico: o estúpido sacrifício da inocência em prol do que se supõe ser uma causa maior. Não há nenhuma diatribe ideológica no romance. Até a crítica a Prestes é sóbria, contida. Mas ‘Elza, a garota’ causará desconforto àqueles que nutrem ilusões heroicas em relação ao PCB.” Jerônimo Teixeira na revista ‘Veja’ (íntegra).
“Para os que suspiram aliviados porque os sonhos comunistas continuaram sonhos, o romance ergue esse Rio de Janeiro monstruoso que está bem aí, embaixo dos braços de Cristo, ou do olhar vazio do busto estilo realismo socialista de Getúlio. De quem é a culpa? Você é inocente? Em que rua você está, neste instante, em atitude suspeita? Sorria, você está sendo filmado. Sérgio Rodrigues brinca com fogo. Acho que é isso que todo escritor deve fazer.” Ernani Ssó na revista eletrônica Coletiva.net (íntegra).
“Com o romance de Sérgio Rodrigues, Elza volta a ganhar a dimensão que lhe pertence. Aquela vida miúda foi paradigmática ao estabelecer a falta de limites inserida num pressuposto ideológico, e ainda a conveniência de se descartar mesmo uma vida e as misérias que ela, a vida, pode gerar. Enfim, tudo é descartável no mundo político. Rodrigues nos mostra isso contando duas intensas histórias de amor. Um romance para ser lido com paixão e respeito.” Maurício Melo Júnior no ‘Rascunho’ (íntegra).
“A história de Elza e as circunstâncias macabras da sua morte são o chamariz que nos atrai para os territórios mais complexos da verdade histórica, da construção dos mitos e de como os homens se servem da memória para expiarem os seus pecados. Não é por acaso que a citação que abre o livro é retirada de ‘Expiação’, de Ian McEwan. (…) O livro renega com igual intensidade o preto-e-branco ideológico do século XX e o relativismo ‘viscoso’ que transforma tudo ‘em matéria pastosa de comédia.’ A verdade está algures no meio dos mitos e de documentos falsificados, de doppelgängers e de nomes de código e encontrá-la é quase tão difícil como reparar os erros através de uma narrativa. Mas, como nos lembra a citação de McEwan, ‘a tentativa era tudo.’” Bruno Vieira Amaral no jornal português ‘i’ (íntegra).
“Não há isenção de posicionamento em nenhumas das obras, isso é evidente. No entanto, é na narrativa que se apresenta como ficção que vislumbramos uma maior liberdade de opinião: ao iniciar seus capítulos, mediante a documentação selecionada, Sérgio Rodrigues esmiúça as contradições e idiossincrasias das personagens e dos fatos históricos. (…) Morais e Rodrigues utilizam fontes similares, mas marcam seus pontos de vista de forma diversa. Luís Carlos Prestes é o exemplo maior: ao passo que na obra de Morais é exaltado como o verdadeiro Cavaleiro da Esperança, na de Rodrigues é suspeito de ter sido o estopim da morte de Elza.” Janaína de Azevedo Baladão, doutoranda da UFRGS, na revista ‘Literatura em Debate’, em artigo que faz análise comparativa entre ‘Elza, a garota’ e ‘Olga’, de Fernando Morais (íntegra em pdf).
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Sobre ‘Sobrescritos’
“As 40 histórias, originalmente postadas no Todoprosa, são machadianas até o talo. Mas quem se apresenta é o Machado reloaded, pois é com o pixel da galhofa e o toner da melancolia que o Sérgio vai desenhando sua versão ácida da vida literária 2.0, que transcorre, serena, entre a internet e um mundo virtual pelos maus motivos. (…) A Belle Époque já teve sua crônica registrada em ‘A vida literária no Brasil 1900’, de Brito Broca. O século XIX foi contemplado por Ubiratan Machado em ‘A vida literária no Brasil durante o romantismo’, que acaba de ser lançado pela nova editora Tinta Negra. Pois nossos dias precários têm sua modorra transformada em comédia nos ‘Sobrescritos’.” Paulo Roberto Pires na ‘Bravo!’ (íntegra).
“O Todoprosa, de Sérgio, está entre os blogs literários mais lidos da rede. Ali, o autor publica curiosidades etimológicas, críticas de livros, impressões literárias e suas criações. Todos os 40 textos de ‘Sobrescritos’ já estiveram na rede, mas no papel (e isso até o mais nerd dos leitores poderá confirmar) eles ganham em força. O que une as histórias é a própria literatura – e todas as ironias que a cercam, às vezes de maneira desconcertante, outras com uma graça rasgada.” Marta Barbosa no UOL (íntegra).
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Sobre ‘As sementes de Flowerville’
“É um painel mordaz e, diria até, cruel. Mas não parece tão distante da realidade contemporânea. O país caminha para o abismo e ninguém se importa. Quer dizer, a arte está preocupada. Mas o que é a arte comparada ao money que corrompe até a linguagem do contato diário, como a que usa o capitalista Victorino Peçanha? Na poltrona ficcional de Sérgio Rodrigues (quem ler entenderá a referência ao móvel), o leitor verá a assinatura de um escritor com longa trajetória à frente, seja como for o futuro. Neste romance de estreia, o espaço para a subversão se dá no produtivo diálogo entre o conteúdo que antecipa as tragédias de uma sociedade equivocada e a forma que contorna, tensiona e remodela valores.” Sérgio de Sá no livro “Literatura e mass media”.
“Abri um longo e redentor sorriso ao terminar de ler ‘As sementes de Flowerville’ (…).O livro me fez perceber que, apesar do ninho de cobras que é o mercado editorial brasileiro, apesar da falta de profissionalismo, apesar das desonestidades, apesar de necessidade de auto-afirmação, apesar de tudo (e de mim), a literatura brasileira continua a nos dar momentos únicos de realização. Garimpá-los pode ser penoso e desestimulante. Mas também pode ser recompensador.” Paulo Polzonoff no Digestivo Cultural (íntegra).
“Por todos os lugares onde passou, Rodrigues deixou a marca de um jornalismo forte, crítico e bem escrito. Seja para falar de literatura, televisão ou futebol, a palavra para ele é tudo. Talvez seja esse apego e respeito à palavra que faz dele um escritor, antes mesmo de ser jornalista. Assumiu para si o compromisso de colocar a linguagem na pauta de todos os dias, com graça e versatilidade. Afinal, a linguagem é expressão não apenas pessoal, mas tradução de um sistema cultural que forma um povo.” Teresa Chaves na Folha Online (íntegra).
“Um lance de dados – alguém já disse isso – jamais abolirá o acaso. A geometria modernista e precisa de Flowerville, tampouco. Ninguém sabe o que nascerá de suas sementes, anunciadas por um anjo-garotão e que conseguem escapar da lógica tirânica do futuro regrado, do panóptico de Peçanha, do triste racionalismo moderno. Pode ser pouco, mas faz com que lembremos que, a despeito do sonho da razão querer produzir monstros, ainda existe a vida real, sem mistificação e com resíduos de liberdade.” Júlio Pimentel Pinto na revista ‘Entrelivros’, reproduzido no blog Paisagens da Crítica (íntegra).
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Sobre ‘O homem que matou o escritor’
“O jornalista mineiro Sérgio Rodrigues não tem nada de promissor. Basta ler qualquer um dos cinco contos que compõem sua primeira obra de ficção, a coletânea ‘O homem que matou o escritor’, para comprovar esse fato. Todos eles têm enredos bem bolados e surpreendentes. Todos são divertidos. E a técnica do autor se revela também nos detalhes. Seus diálogos, por exemplo, não podiam ser mais convincentes. Os personagens falam como gente, não como oradores ocupando a tribuna. Rodrigues, por assim dizer, completou seu aprendizado antes de entrar em campo. Já não deve mais nada a ninguém.” Carlos Graieb na ‘Veja’ (íntegra).
”Alternando sarcasmo, crueldade, trama policial e comédia, Sérgio Rodrigues constrói cinco histórias, ou melhor, cinco universos absolutamente peculiares. Com exceção de O retiro dos macacos artistas, em que narra as desventuras de um jovem brasileiro em Miami contratado para cuidar de macacos neuróticos (!), todos têm como personagem principal alguém que se debruça sobre um computador para escrever. (…) Para o leitor, uma irresistível sucessão de histórias em que o exercício de linguagem dá ainda mais força à narrativa. Tem cheiro de século 21.” Lilian Amarante na ‘IstoÉ Gente’ (íntegra)
“O jornalista Sérgio Rodrigues, estreando na ficção com ‘O homem que matou o escritor’, não é um mau escritor, ao contrário: econômico em metáforas, parcimonioso em adjetivos, avarento de frases de efeito, é um bom autor. Mas é um escritor mau. Terrível. Cruel. (…) E a impressão que deixa seu primeiro livro é de que, quando decidir escancarar de vez a ruindade, ainda melhor escritor será.” Cynara Menezes na ‘Folha de S.Paulo’ (íntegra)